6.3.08

25 de Abril

Ola a todos. Estes são os textos dos meus avós sobre o 25 de Abril.
(tiveram excelente nestes trabalhos...)


MEMÓRIAS DO 25 DE ABRIL DE 1974

Passaram-se já quase 34 anos, mas foi um dia tão memorável que ficou gravado para sempre na memória de todos os que tiveram a felicidade de poder vivê-lo.Foi às 7 horas da manhã que o telefone tocou. Um primo nosso avisou-nos de que não deveríamos ir para os empregos, porque algo de grave e muito importante estava a acontecer. Talvez uma revolução cujo desfecho ninguém poderia prever.A primeira coisa que fizemos foi ir a uma loja próxima de casa comprar um rádio portátil porque o nosso rádio encontrava-se avariado.E foi através das notícias da rádio que fomos acompanhando ansiosamente os acontecimentos muito nebulosos de início mas que se foram aclarando aos poucos.Entretanto soubemos que o primeiro ministro de então, Dr. Marcelo Caetano, se encontrava refugiado no quartel do Carmo e cercado pelas tropas revolucionárias que exigiam a sua demissão.Entretanto o povo de Lisboa não se conteve e veio para as ruas apoiando e aclamando os soldados que combatiam um regime autoritário que nos governou quase 50 anos sem dar a liberdade a que todos têm direito. E uma das coisas mais bonitas foi entregarem aos soldados cravos vermelhos que depois colocaram nos canos das espingardas. Foi uma revolução linda sem derramamento de uma única gota de sangue. Os cravos vermelhos tornaram-se o símbolo da revolução do 25 de Abril. E a fotografia dos cravos vermelhos nos canos das espingardas correu o mundo que se emocionou porque pela primeira vez na História uma revolução não causara uma única vítima.Também a canção «Grândola vila morena » do Zeca Afonso que serviu de senha para o início da revolução se tornou conhecida e cantada no mundo inteiro também como símbolo do 25 de Abril.Mas esse dia foi para todos nós de muita esperança mas também de muita incerteza e muito receio de que a revolução não fosse bem sucedida.Mas seis dias depois, no dia 1 de Maio de 1974, quando a revolução estava já definitivamente consolidada, houve uma explosão generalizada de alegria e de festa. Centenas e centenas de milhares de pessoas invadiram as ruas de Lisboa celebrando a conquista da Liberdade, numa manifestação inolvidável como nunca se vira.É por isso que quem viveu o 25 de Abril de 1974 jamais o pode esquecer !



Para o Francisco, o 25 de Abril de 1974 dos avós Manu e Salomão

Alvorada – Acordámos perto das sete da manhã com um telefonema da tua bisavó Myriam que tinha sido avisada da existência de uma revolução em curso. Pouco depois telefonou o Eurico (avô da Inês e da Joana) a dizer o mesmo e ainda que na rádio tinham tocado a Grândola Vila Morena, o que nos descansou quanto à origem da revolução...Primeira saída – Fomos até ao Califa (nós, o teu pai e os tios Luis, Pi e Raquel – os outros ainda não tinham nascido). Na rua havia imensa gente e no Califa filas enormes para levarem comida para casa, receosos do que se passaria a seguir. Pouco depois estava tudo fechado e havia indicações para as pessoas se manterem em casa.Segunda saída – Os telefones deixaram de funcionar, a televisão também e o único rádio que tínhamos em casa estava avariado...Começávamos a estar desesperados por falta de notícias. Resolvemos então pegar nas crianças, metermo-nos no carro e ir até casa da tua bisavó Quiqui. Ela emprestou-nos um transistor (pequeno rádio a pilhas) e encheu-nos de bananas, com medo que as crianças passassem fome.Um longo dia de espera – Enquanto o teu pai e os teus tios aproveitaram o não haver escola para brincarem o dia todo, nós passámos o dia em ansiedade, acompanhando as notícias no pequeno rádio. Em dada altura chegámos mesmo a “apanhar” conversas das forças resistentes, fiéis ao regime de Marcelo Caetano, manifestando grandes preocupações com o avanço da revolução. Para o fim da tarde, finalmente, ouvimos a voz inconfundível e emocionada do jornalista Luis Filipe Costa a anunciar a tomada do Quartel do Carmo e a falar do ex – Presidente do Conselho Marcelo Caetano... De imediato fomos abrir uma garrafa e beber um copo para festejar!Fim do dia – Finalmente a T.V. funcionava e foi com emoção que vimos o apresentador Fialho Gouveia dando notícias da revolução e a apresentando a Junta de Salvação Nacional que iria governar provisoriamente o país. Era presidida pelo General António de Spínola e formada por mais seis militares do Exército, Marinha e Força Aérea – General Costa Gomes, Brigadeiro Jaime Silvério Marques, General Diogo Neto, General Galvão de Melo, Almirante Rosa Coutinho e Almirante Pinheiro de Azevedo. O General António de Spínola leu um comunicado ao país.Pouco depois ouvimos sirenes na segunda circular e vimos passar batedores que acompanhavam em direcção ao aeroporto os carros que transportavam o ex – Presidente da República Almirante Américo Tomaz e o ex – Presidente do Conselho Marcelo Caetano (seguiram de imediato para a Madeira e depois para o Brasil).

2 comentários:

franky disse...

Excelante trabalho, avós.
Francisco

franky disse...

concordo, Francisco. Bom trabalho, avós e parabéns pela vitória!

beijinhos da Sara! ;)